segunda-feira, 18 de novembro de 2013

BASÍLICA DE SANTO AGOSTINHO RESTAURADA EM IPONA


Argel (RV) – A Basílica de Santo Agostinho de Annaba (antiga Ippona), na Argélia foi reinaugurada. Graças à contribuição de instituições de diversas nacionalidades, de organismos religiosos e de fiéis, os trabalhos de reestruturação do histórico templo foram concluídos, após três anos de trabalhos. Na inauguração, estavam presentes autoridades políticas – argelinas e de outros países -, Imames, benfeitores, cristãos e muçulmanos concordes em reconhecer no monumento dedicado a Santo Agostinho um patrimônio histórico, religioso e arquitetônico, onde o Oriente e o Ocidente se encontram. A Rádio Vaticano conversou com o Bispo da Diocese de Constantine, Dom Desfarges (que hoje engloba a de Ippona, que foi sede episcopal de Agostinho):


R: “Eu acredito que hoje os argelinos estejam mais orgulhosos de ter Santo Agostinho como seu antepassado. Santo Agostinho já faz parte da genealogia dos argelinos...”


RV: Um monumento cristão que foi beneficiado por contribuições de diversas instituições e por benfeitores muçulmanos. Que leitura fazer disto tudo?

R: “Para mim, este financiamento um pouco complexo é um sinal: é um belo exemplo de solidariedade, desta relação de convivência cristã-muçulmana que se estende de Norte a Sul e que manifestou-se até mesmo no aspecto financeiro”.

RV: Para os argelinos, a Basílica de Santo Agostinho, localizada sobre a colina de Annaba, é “Lala Bouna”, a boa mãe: qual é o sentido desta expressão?

R: “A Basílica encontra-se sobre uma colina e domina um pouco Annaba. Penso que naquele local eram celebrados cultos antes mesmo do cristianismo. Mas como se sabe, para muitos cristãos e também para muitos muçulmanos, no momento em que existe um Santuário em qualquer lugar, é “Lala”. Assim, alí passou a ser chamado “Lala Bouna”, que está para “a boa mãe”, mas também “Maria”, sem se fazer muitas perguntas, mas somente na consciência de que se trata de um Santuário. Além disto, é necessário acrescentar que ao lado da Basílica – antes mesmo que a Basílica fosse construída – existe a Casa das Pequenas Irmãs dos Pobres, que acolhe pessoas de famílias muito modestas ou pessoas sem família ou que verdadeiramente não tem nada do que viver. As Pequenas Irmãs acolhem estas pessoas desfavorecidas – mesmo muçulmanas – e os argelinos são muito generosos, fazem muitas doações. Assim, esta colina é conhecida pela presença do Santuário, pela casa das Pequenas Irmãs dos Pobres e também por um Presbitério dos Padres Agostinianos. É isto “Lala Bouna”. É verdadeiramente um local santo, um lugar de bênçãos. E é verdade que muitas das pessoas que vêm na Basílica fazem verdadeiramente uma experiência de silêncio, de graça. As pessoas vêm, sabem que vêm a um lugar santo, um lugar abençoado. Neste lugar foram concedidas graças. Assim, tudo isto junto é “Lala Bouna”. Espero que agora os peregrinos tenham coragem de voltar, em maior número, para realizar uma peregrinação nos passos de Santo Agostinho”.

RV: Como os argelinos vêem os primeiros meses do Pontificado do Papa Francisco?

R: “Têm uma ótima impressão. Veja, o nosso povo argelino está verdadeiramente em sintonia com o que acontece no mundo. Papa Francisco teve uma acolhida muito boa, cheia de simpatia. Quando caminho pela rua, as pessoas me dizem: ‘Ah, este Papa é muito bom!’. Escuto muitas expressões deste tipo. As suas palavras, os seus gestos tocam, tocam todos, tocam os corações: porque simplesmente são gestos humanos, fraternos. Papa Francisco é acolhido muito, muito bem; o seu testemunho contribui para a convivência”.

RV: O que diria Santo Agostinho hoje sobre a participação fraterna na restauração da ‘sua’ Basílica?

R: “Ah, alguma vezes já perguntei para ele! Acredito que nos diria o que dizia aos seus fiéis, no seu tempo: ‘Para nós, viver é amar. A nossa vida é alegria, é movida pelo coração de todos’. Penso que nos repetiria isto: ‘Continuem a amar. A relação fraterna não é somente uma relação homem-homem, é uma relação com Deus e em Deus’. E nos diria também: ‘O amor, quando vai até o fundo, não é somente o amor entre as pessoas que se aceitam, mas chega até o ponto de amar o inimigo’. Santo Agostinho dizia: ‘Aprenda a amar o teu inimigo: na medida em que o amor cresce em ti, reconduzindo-te à semelhança de Deus, isto se difundirá no teu inimigo, a fim que tu sejas semelhante Àquele que faz resplandecer o sol sobre bons e maus’. Isto dizia Santo Agostinho. E isto toca também os argelinos”. (JE)


Nenhum comentário:

Postar um comentário