quinta-feira, 8 de abril de 2010

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA EM MEMÓRIA A IRMÃ CLEUSA CAROLINA RODY COELHO

Irmã Cleusa junto aos indígenas

No próximo dia 29 de abril, às 19 horas, no Santuário de Nossa Senhora da Consolação, acontecerá Celebração Eucarística, em memória a vida da religiosa cachoeirense Irmã Cleusa Carolina Rody Coelho. A Santa Missa será presidida pelo bispo diocesano D. Célio de Oliveira Goulart - OFM e concelebrada pelos frades da Ordem dos Agostinianos Recoletos.
A Celebração Eucarística visa a celebrar os 25 anos de martírio de Irmã Cleusa, assassinada em 28 de abril de 1985.
Mas quem foi Irmã Cleusa? Segue pequeno histórico da vida da religiosa agostiniana recoleta, retirada do site:
http://www.pimenet.org.br/mundoemissao/espiritcleusa.htm


"Agora, quem vai cuidar de nós? Era a nossa mãe”. É a expressão dita por um índio apurinã, no enterro de irmã Cleusa. No dia 28 de abril de 1985, ela fora assassinada às margens do rio Paciá, na Prelazia de Lábrea – AM. Mártir da fé e da causa indígena, deu a vida pelos pobres e excluídos.
Frei Jesus Moraza conta como, no dia 3 de maio de 1985, encontrou o corpo de Cleusa: “Empurramos a canoa até a beira e os rapazes a colocaram no seco. Nesse momento, os meus acompanhantes alertaram-me sobre os urubus sobrevoando nas proximidades, pelo que saí da lancha e penetrei na mata, em direção aos urubus. Aproximadamente a uns 50 metros da lancha, localizei o corpo, parcialmente submerso, de bruços, totalmente despido, mostrando-se fora da água parte do crânio sem cabelos, as costa e as pernas... Meus acompanhantes, temerosos, insistiram que voltássemos atrás de maiores recursos”.
No pequeno opúsculo que a Congregação de Cleusa elaborou (1991), está relatado o seguinte: “Os exames médicos realizados no hospital revelaram a brutalidade com que tinha sido assassinada: muitas costelas quebradas, o crânio fraturado, o braço direito parcialmente separado do corpo, por instrumento cortante (talvez um terçado); havia fratura na coluna vertebral; pedaços de chumbo no tórax
e, especialmente, na região lombar, indicavam que tinha levado um tiro de espingarda. A sua mão direita não foi encontrada” (p.19-20).
Cleusa nasceu aos 12 de novembro de 1933, em Cachoeiro de Itapemirim, Estado do Espírito Santo. Quando terminou o curso normal, deixando um futuro promissor, decidiu ingressar na vida religiosa, na Congregação das Irmãs Missionárias Agostinianas Recoletas. Há alguns aspectos que dão a envergadura do compromisso e da vida da missionária. O caminho do martírio não aconteceu por acaso, mas foi a coroação de um itinerário de doação a Jesus Cristo e ao seu Reino, na trilha dos mais pobres.
“Comprometer-se com o Índio, o mais pobre, desprezado e explorado, é assumir firme a sua caminhada, confiante num futuro certo e que já se vai tornando presente, nas pequenas lutas e vitórias... Vale arriscar-se!”
Esse percurso influiu profundamente na visão de mundo e no horizonte de Cleusa. O tempo passado em Lábrea (AM), em vários momentos da existência, aproximou a missionária do mundo indígena (foi também coordenadora regional do Conselho Indigenista Missionário), dos menores, dos presidiários e dos pobres. Numa carta à delegada geral do Brasil, Cleusa escreveu: “Cristo é o ofendido, o marginalizado perseguido na pessoa do Menor, novamente exposto à fome e a outros danos piores. Temos de construir Fraternidade, é necessário, mas a justiça tem de estar na base de toda convivência humana”.
No período da celebração dos 25 anos de vida religiosa, em 1978, Cleusa não quis nenhuma festa e escreveu: “Você sabe que sou pobre por opção e que me sinto feliz em viver como tal. São orações, sim, que nos fazem falta, para um seguimento mais radical ao Senhor”.
O seguimento mais radical ao Senhor incluía uma intimidade exclusiva com Jesus e uma doação extrema aos irmãos pobres. “Nos momentos de folga encontrava tempo para ir à capela, onde, no silêncio, contemplava o seu Deus Eucarístico, que lhe deu forças para viver sua fé e de quem aprendeu as lições de amor e doação aos irmãos. A vida doada aos indígenas levou-a a prestar solidariedade ao tuxaua Agostinho, quando Raimundo Podivem e Edvar mataram a esposa e o filho dele. Não se importou com o perigo. Era lá, com os indígenas, que Jesus a chamava. Durante a viagem, os dois assassinos mataram o corpo de Cleusa. Ela está viva para sempre e é venerada no meio dos povos indígenas. Ainda ressoam as palavras do Evangelho: “Bem aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus (Mt 5,10)” e, também: “Tudo o que fizerdes a um destes pequeninos, foi a mim que o fizestes (Mt 25,40)”.
No dia 2 de maio de 1991, na Catedral de Vitória, ES, foi aberto o processo de beatificação de irmã Cleusa, mártir dos povos indígenas.

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